Nota 1: Esquecer a escova de dentes e os óculos de sol antes de partir para ums escapadinha na Austrália é um mau começo.

Sempre que dizia com um grande sorriso nos lábios que ia passar o fim-de-semana a Adelaide, todos me diziam "Adelaide?! Why?! Vais visitar amigos?"... não, vou conhecer Adelaide. Aparentemente, a cidade é conhecida por ser uma autêntica pasmaceira. Tenho que confessar que para quem está habituado ao fervilhar da Melbourne que nunca dorme, ver uma cidade vazia a partir das 7h da tarde, pode ser deprimente. Mas, o meu objectivo neste fim-de-semana era conhecer pessoas. Então, decidi simplesmente ir à descoberta. A única coisa que tinha era o bilhete de avião.

Nota 2: A Virgin Blue é, sem dúvida, uma companhia aérea irreverente. Foi um prazer voar com eles e, por momentos, imaginei como seria óptimo ter os meus amigos ali comigo a apreciar tanta beleza junta. Duas belas loiras simplesmente fantásticas e super simpáticas. Não pararam de flirtar com todos os gajos do avião. Além disso, cantaram "Fly me to the moon". Além disso, fizeram-me esquecer que estava dentro de um avião e que poderia morrer a qualquer altura. Uma delas estava tão entretida e divertida a demonstrar como se coloca um colete salva-vidas, que, por momentos, pensei que ela talvez fosse ousada o suficiente para demonstrar aquilo que realmente todos nós pensamos quando elas/eles dizem “To inflate the vest, pull firmly on the red cord, only when leaving the aircraft. If you need to refill the vest, blow into the mouthpieces.”... bom, espero que não seja a única depravada a pensar nessas coisas muito pouco católicas...

Adelaide é, de facto, um pouco aborrecida. Não há muita gente na rua. Eles são cerca de 1 milhão. Decidi andar um pouco pelo centro da cidade, tirar umas fotos, conhecer a fundo o Jardim Botânico (há algo que me atrai nos jardins, são locais perfeitos para escutar os nossos próprios pensamentos) e depois, passar a tarde a andar no metro, que me levou a Genelg, que é a praia mais famosa das redondezas e, apanhar o Bus até ao Port Adelaide que, infelizmente, estava completamente inanimado. Decidi, então, que no dia seguinte iria fazer algo totalmente diferente, algo verdadeiramente radical, inscrever-me numa tour. E lá vai a Marta, juntamente com os seniores e os recém-casados, para a Kangaroo Island. Absolutely fantastic! Amei a ilha. Uma ilha onde vi as minhas primas (para aqueles que não sabem, um velho amigo meu decidiu comparar o meu riso ao de uma foca!), penguins anões, cangurus e koalas. A verdade é que não fiz muitos amigos. Havia um americano jeitoso, com feições asiáticas e que falava italiano, mas apparently também ele estava casado com uma italiana.

Dia seguinte, uma outra tour, desta vez ao Barossa Valley, onde se produzem os mais famosos vinhos australianos. Prova aqui, prova ali, acabei por ficar um pouco embriagada, mas desta vez fiz amiguinhos.

Nota 3: Os vinhos portugueses são dez mil vezes melhores que os australianos, só não percebo por que é que não são exportados para cá. Não há vinho como o verde tinto!

Está na altura de vos apresentar a nova Miss Portugal. Eu. Sim, eu. O motorista do autocarro tinha uma lábia que a dada altura se virou para mim e disse: “Are you sure you're not Miss Portugal?” Sorri, como uma verdadeira Miss Simpatia.

Nota 4: Sempre que quiserem elevar a vossa auto-estima, procurem senior citizens. São fantásticos e estão sempre a flirtar. Confesso que um certo avô neo-zelandês não me escapava se eu tivesse uns aninhos a mais. Mas, mais uma vez, estava acompanhado pela sua lindíssima mulher.

Apenas mais uma nota acerca de Adelaide. Eles fazem bicha para os autocarros. Já não me lembrava como era.

Para terminar a escapadinha em beleza, mais uma viagem de taxi, desde o aeroporto até casa. Como de costume, sentei-me no banco da frente. O taxista, que curiosamente não era velho, meteu conversa e, claro, como gosto de falar pelos cotovelos, aqui a parva caiu como uma patinha. Da próxima vez, lembrem-me para dizer que sou casada e que tenho filhos. Acabou por me convidar para dançar salsa e claro que lhe dei o meu email... talvez assim sem querer tenha escrito mal “maezinha”...